O ano: 1892.
Os criminosos: Dynamite
Dick Clifton, Arkansas Tom Jones, the Sundance Kid.
Naquela
época, os criminosos entravam na cidade e assaltavam
bancos, sem luvas e sem medo de
deixar provas.
As
impressões digitais eram apenas
manchas de sujidade ou sangue.
Isto
estava prestes a mudar.
Na
Argentina, um inspetor de polícia
chamado Carlos Alvarez
encontrou uma impressão digital impressa em sangue num fragmento de madeira perto de dois
meninos assassinados.
Com
o seu colega Juan Vucetich, que estava trabalhando num sistema
denominado dactiloscopia - a arte
de ler os sulcos do dedo - Alvarez identificou a
marca sangrenta com
uma impressão digital do principal
suspeito, a mãe das crianças mortas.
Diante
desta evidência, a mulher quebrou e
confessou.
Foi
um triunfo para a nova ciência.
Em
1902, um britânico roubou algumas bolas de
bilhar.
Quando
"impressões
digitais foram encontradas no parapeito
de uma janela recém-pintada"
na sala de bilhar, foram utilizadas para
o condenar, escreveu Richard Case,
especialista em impressões digitais
na Agência Nacional de Melhoramento de Policiamento (NPIA) em South Wales.
O caso
também foi um predecessor do inspetor que iria, pela primeira vez,
trazer as impressões digitais para os
tribunais britânicos.
Na
década de 1920, a recolha de
impressões digitais tinha evoluído para uma arte: "Para objetos claros, usar o
bronze vermelho ou dourado, que deve ser aplicado levemente com
um atomizador", aconselhou JA
Larson, um americano cujo sistema de identificação de impressões digitais nunca pegou.
Décadas
mais tarde, a impressão digital
ainda parecia infalível.
"Se
você tentasse desafiar
as impressões digitais na década de 1980,
o juiz teria olhado para você como se você fosse maluco",
diz Sandy Zabell, um professor de estatística da Northwestern
University que estuda a ciência forense.
Mas,
recentemente - com o surgimento de provas de DNA – as impressões digitais começaram a parecer como relíquias da
época de Sherlock Holmes.
Em
2004, o F.B.I. prendeu
Brandon Mayfield, alegando que as suas
impressões digitais eram correspondentes aquelas encontradas na cena dos ataques terroristas de Madrid.
Essa
"correspondência"
acabou por ser um erro.
Mayfield
processou o governo federal e ganhou US $ 2 milhões. "O caso Mayfield tornou-se o cartaz propaganda da má identificação
de impressões digitais", diz
Zabell.
E,
ainda assim, a impressão digital como metáfora, permanece estampada em nossas mentes. Hoje falamos de "impressão digital genética", mesmo
que a técnica tem pouco a ver com
as espirais, voltas e arcos que fascinaram os
combatentes do crime da era Eduardina.
COLD CASE
Detective John Tefft
conta-nos como em 2008, a policia reabriu um caso de homicidio ocorrido em
1970.
“Um vestígio palmar
conduziu-nos ao autor do crime quase 40 anos depois do crime ter ocorrido”
A prova chave era uma impressão palmar
ensanguentada numa aparelhagem roubada?
Sim. A polícia
foi ao local do crime e recolheu cigarros, sangue e impressões digitais num
carro furtado.
Conseguiram
localizar o rádio do veículo que tinha sido penhorado. Este rádio tinha uma
impressão palmar impressa em sangue. Trinta anos depois ainda a tínhamos preservada.
O que é que permitiu
resolver o crime ao fim de tantos anos?
A Policia de
Dallas enviou um conjunto de impressões digitais e palmares para a base de
dados do FBI. Era de uma detenção de 1966.
O FBI obteve um
HIT no nosso caso de 1971 e notificou-nos desse HIT.
“O vosso caso de homicídio de 1971
identifica-se com Gerald Metcalf que a polícia de Dallas deteve em 1966. Este
HIT pode ser útil para vocês. Ou não. Tenham um bom dia.”
As impressões digitais ainda são relevantes na era
do ADN?
A
prova de ADN vai triunfar sobre as impressões digitais mas as impressões
digitais ainda hoje são notáveis.
Comentário
à notícia
Uma
curta e interessante perspectiva histórica sobre as impressões digitais e ainda
tenho a satisfação de ser citado.
Eu,
certamente admito que, as impressões digitais tenham sofrido um recuo desde que
o ADN, “the new kid on the block”, surgiu
mas as impressões digitais têm um papel crucial no combate ao crime e por ano resolve
mais crimes que o ADN e permanece como a única metodologia disponível para
distinguir entre gémeos idênticos.
Além disso a prova por
ADN apenas irá superar as impressões digitais em certas circunstâncias,
porquanto não existe prova mais sólida que as impressões digitais dos
agressores com sangue das vítimas recolhidas no instrumento do crime.
O caso Mayfield (e
alguns casos de erros graves) prejudicou a credibilidade das impressões
digitais, mas apenas na medida em que os erros humanos afetam a credibilidade
de todas as outras disciplinas forenses
Embora seja um das mais
antigas das ferramentas forenses, daqui a cem anos, as impressões digitais
ainda permanecerão com a relevância que atualmente têm.
Daqui.