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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

EDWARD MOREY – 1933

Um dos crimes de homicídio mais falados na Austrália, teve o seu início no dia de Natal de 1933, quando um pescador encontrou um corpo humano preso a uma árvore.

Na autópsia, foi determinado que o corpo era do sexo masculino, de constituição forte, com idade entre os 45 e os 50 anos. Tinha sofrido vários golpes na nuca e tinha permanecido na água cerca de cinco semanas.

A identificação do cadáver não seria fácil.
As características físicas não permitiam o seu reconhecimento e o recurso às impressões digitais seria muito difícil. A mão direita tinha desaparecido e a mão esquerda estava muito danificada.

A polícia iniciou buscas no local à procura de indícios.
A certa altura foi encontrado um objeto estranho e esponjoso. Era a pele de uma mão direita, ainda com a unha do dedo polegar mas sem carne agarrada.

O macabro achado foi levado para o laboratório, onde após tratamento adequado, poderiam vir a ser recolhidas as impressões digitais que seriam fundamentais para a identificação da vítima.

O aspeto geral, de uma luva em péssimas condições, deu aos peritos uma ideia.

Primeiro, foi escolhido um perito cuja mão era de dimensões aprocimadas à encontrada.

O perito calçou uma luva de proteção e enfiou o seu dedo polegar dentro do espaço correspondente dos despojos humanos.

Devido às precárias condições em que a pele se encontrava, era uma operação extremamente delicada, pois qualquer movimento mais brusco ou de menor precisão, poderia danificar a pele e inviabilizar o sucesso do trabalho.

Quando terminou a colocação dos restantes dedos, foram todos atintados e rolados com tinta negra própria para recolha de impressões digitais e depois foram rolados numa ficha decadactilar. 

O resultado foi um conjunto de impressões digitais com bastante qualidade e com valor para serem pesquisadas e identificadas.

Animados com os resultados obtidos, os peritos efetuaram o mesmo procedimento com a mão esquerda do cadáver. Tiveram sucesso.

A tarefa seguinte, era comparar as impressões digitais do cadáver com as centenas de milhares de fichas decadactilares que se encontravam nos ficheiros da polícia, com vista à sua identificação, sem qualquer garantia de sucesso, porque o individuo poderia não constar nos ficheiros da polícia.

Tiveram sorte.

O cadáver era Percy Smith, um individuo sem residência certa, que costumava viajar numa camioneta muito velha, à procura de trabalho.

Este individuo tinha desaparecido há várias semanas, mas houve quem se recordasse de o ter visto na companhia de Edward Morey.

Posteriormente, foi apurado que as ferramentas de trabalho da vítima tinham sido vendidas por Morey.

A caça ao homem terminou abruptamente quando se verificou que Morey estava preso por outro crime menor.

Morey negou o homícidio, mas além da venda das ferramentas foi confrontado com a venda de um relógio de ouro da vítima. Além disso, a polícia encontrou um machado com manchas de sangue, que Morey tinha escondido.

No julgamento, a metodologia utilizada para a recolha de impressões digitais foi muito debatida e amplamente difundida pelos jornais até ao dia em que a principal testemunha de acusação foi morta na sua residência.

A sua mulher, Lillian, testemunhou que indivíduos desconhecidos tinham entrado na residência e morto o marido.

A polícia apurou que a caligrafia de Lilian era muito semelhante à de “Thelma Louise” autora de duas cartas de amor, que tinham sido encontradas na posse de Edward Morey.

Este homicídio não teve qualquer influência no resultado do julgamento.
Morey foi condenado à morte por enforcamento, pena posteriormente comutada.

Após vinte anos de prisão, foi libertado por razões humanitárias, tendo morrido de tuberculose pouco depois.

No julgamento de Lillian Anderson, que era uma figura confusa, com uma idade mental de 14 anos, afirmou que o homicida era o seu marido e não Edward Morey.

A acusação provou que Lillian tinha morto o marido e que o acusou da morte de Percy Smith para auxiliar o seu amante.

Morey não foi tão leal. No seu testemunho afirmou não conhecer Lillian.

Lillian foi condenada a vinte anos de prisão.