Em 2009, um estudo permitiu apurar que em 250 casos de condenações erradas, cerca de metade incluíam o reconhecimento errado dos suspeitos por testemunhas oculares.
Entre os casos, consta uma condenação por violação.
Neste caso concreto o problema principal foi como a vítima (que esteve muito tempo com o criminoso) efectuou o seu reconhecimento.
À data, a polícia utilizava acetatos com conjuntos de fotos de seis suspeitos diferentes em cada folha.
A vítima indicou a fotografia de um individuo diferente daquele que foi posteriormente julgado e condenado.
Mas duas outras testemunhas oculares tinham visto este individuo depois do crime e estavam convencidas que era o violador.
Numa audiência preliminar, a vítima viu o individuo.
De imediato o referenciou como sendo o criminoso, apesar de ter identificado outro individuo no processo de reconhecimento fotográfico.
A partir daquele dia a vítima insistiu que o violador era este individuo e assim testemunhou.
A identificação em audiência preliminar tem muita força, mas está sujeita a erro.
O individuo foi preso injustamente.
Com o acumular dos erros nos reconhecimentos pessoais e fotográficos e correspondentes condenações injustas, as polícias estão a alterar as práticas e os procedimentos das linhas de reconhecimento para reduzir o número de erros.
Actualmente, já não são mostradas seis fotos de suspeitos diferentes, mas apenas fotos de um suspeito de cada vez.
As fotos são maiores e apresentam diferentes posições pelo que a testemunha pode observar as características faciais do suspeito.
As linhas de reconhecimento são “independentes do caso”.
Quem mostra as fotos não se encontra envolvido nos casos e não tem qualquer ideia de quem possa ser o suspeito.
Esta abordagem “cega” retira qualquer hipótese a quem se encontra a investigar o caso poder influenciar o processo de decisão das testemunhas.
Daqui.
INVESTIGAÇÃO
Com o objetivo de melhorar
a precisão do reconhecimento pessoal e fotográfico, e evitar que pessoas
inocentes sejam erradamente reconhecidas e condenadas, um professor de psicologia
da universidade de Oklahoma, está a comparar duas metodologias das linhas de
reconhecimento – a sequencial e a simultânea.
Numa linha de
reconhecimento simultânea, uma testemunha escolhe entre vários suspeitos alinhados
na frente dele ou dela.
Numa linha de reconhecimento sequencial, a testemunha vê
apenas um suspeito de cada vez até que ele ou ela reconhece o criminoso.
De acordo com o Projecto
Inocência, os erros de identificação cometidos por testemunhas oculares é a maior
causa de condenações injustas em todo o país e desempenham um papel em mais de 75
por cento de condenações revertidas por meio de testes ADN.
“O objetivo é tentar desenvolver uma metodologia melhor para as linhas
de reconhecimento em que a identificação
de criminosos por testemunhas oculares tenham menor probabilidade de enviar pessoas
inocentes para a cadeia”
Para a realização do
estudo foram criadas cenas de crime simuladas as quais foram reproduzidas junto
de estudantes que, após algum tempo, assistiram a linhas de reconhecimento
pessoal e fotográfico para indicarem o suspeito.
Quando começou o
estudo, a opinião generalizada era que as linhas de reconhecimento sequenciais
eram melhores.
Quando as testemunhas
estão perante linhas de reconhecimento simultâneas, estão a comparar as caras
dos suspeitos presentes e a tomar decisões sobre quem ali está.
No reconhecimento sequencial,
a testemunha compara exclusivamente o suspeito ali presente com alguém cuja
face está na sua memória.
O investigador queria uma
explicação para as linhas de reconhecimento sequencial serem consideradas melhores.
Depois de tentar quatro ou cinco experiências diferentes, ainda não encontrou uma
explicação que prove que são melhores.
Em vez disso, ele descobriu
que tendem a tornar as testemunhas mais prudentes e menos dispostas a escolher um
suspeito.
“Tornou-se um projeto divertido e revelou ser mais complexo e complicado
do que pensávamos”
Embora a percepção popular
continue a pensar que o reconhecimento sequencial promova uma melhor precisão na
escolha de um suspeito, na realidade o que promove é uma escolha mais cautelosa.
“As linhas de reconhecimento sequencial, oferecem proteção para o inocente,
o que nós queremos, mas também torna menos frequente a escolha do suspeito”
“Temos
que ponderar no que é mais relevante: proteger os inocentes ou apanhar os
culpados.”
A investigação vai
prosseguir, para desenvolver novas formas de reconhecimento pessoal com maior nível
de certeza.
“Vale a pena porque tem consequências no mundo real”
Daqui.