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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Condenar a ciência



Dia a dia
Por:Francisco J. Gonçalves



Itália condenou em 1633 Galileu Galilei por "defender como verdadeira a teoria falsa ensinada por alguns de que o Sol é o centro imóvel do Mundo e que a Terra se move".

O tempo daria razão ao cientista e inscreveria nos anais da História o seu julgamento e condenação como mais um erro da Igreja católica e do seu sinistro tribunal da Santa Inquisição.

Como os maus hábitos são perenes, quase quatro séculos volvidos, esse episódio é trazido à memória pela condenação, também em Itália, de sete cientistas que em 2009 minimizaram o risco de um sismo de grandes dimensões atingir a zona de l'Aquila.

A par da condenação, choca a pena de seis anos de cadeia para os supostos responsáveis pela morte de 309 pessoas.

O absurdo de punir judicialmente um erro científico deveria ser óbvio, pela razão simples de que a opinião de um perito não substitui a decisão de um político;

Serve-lhe de guia, e deve ser um parecer entre muitos a ter em conta pelos decisores finais.

Mas há um lado positivo na sentença italiana.

É que, se fizer escola, talvez um dia vejamos na prisão os economistas de Bruxelas e do FMI que têm receitado a austeridade aos países mais endividados da Europa.