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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

“Stranger Visions”





A próxima vez que se pentear num local público ou que retirar um cabelo da camisola ou do casaco em qualquer estação do metro, pense sobre a informação pessoal que está a deixar para trás.

Mesmo quem acompanhe as séries televisivas nas quais os cabelos são fonte possível de extrair um perfil de adn, que, tratado por peritos, permite a identificação de uma pessoa.

E mesmo que deixar o seu rasto por toda a cidade não seja tão mau como circular com o nº de segurança social tatuado na testa, imagine o que pde ser feito com essa informação.

No caso da artista Heather Dewey-Hagborg e do seu projeto  Stranger Visions, ela anda a recolher cabelos, beatas de cigarros, pastilhas elásticas e unhas de locais públicos como paragens de autocarros, restaurantes, casas de banho e em qualquer lugar em que as pessoas possam inadvertidamente deixar material genético do qual posteriormente extrai o perfil de adn.

Na posse dos perfis de adn ela constrói retratos especulativos da aparência desses anónimos dadsres.

A ideia surgiu da visão de um futuro monitorizado pela genética.

Sem formação em biologia ou em genética, apresentou a ideia a programas de financiamento e conseguiu.

Utilizando algoritmos de reconhecimento facial com os quais já tinha anteriormente trabalhado, começu a colaborar com biólogos da Genspace e a desenvolver um sftware de 3D, para reconstruir as feições dos seus estranhos misteriosos.

Pela identificação de partes do código genético que estão associadas com traços físicos específicos e depois utilizando um software 3D de modelação facial, conseguiu construir retratos de pessoas baseado no seu adn.

Até agora, ela analisou o adn de várias pessoas que colocaram o seu genoma on-line e em cinco amostras recolhidas em locais públicos.

Está a trabalhar em amostras adicionais e continua a aperfeiçoar o software.

Mais quais são as consequências de um Projeto como este que parece retirado da ficção científica?



ENTREVISTA

Este tipo de análise genética era totalmente nova para si quando iniciou o projeto.

Há 10 anos que tenho trabalhado na intersecção entre arte e inteligência artificial.

Eu digo que sou uma artista da informação, porque o que conecta as coisas diferentes é interessante na ideia abstrata de informação e processamento de informação. 

Como é que o humano processa a informação, como é que as máquinas processam a informação e o que as distingue dos humanos.

Qual o objetivo do seu trabalho? Está a tentar construir retratos o mais precisos possível? Por vezes não tem forma de verificar os resultados, especialmente com as amostras que recolhe em locais públicos.

O objetivo é pôr as pessoas a pensar no assunto. 

È fascinante que a partir do adn possamos saber tanto sobre nós.

Igualmente importante é sabermos que estamos a trabalhar com possibilidades.

Não são exatas, são probabilidades e a crescente utilização pelos órgãos de polícia está no seu início

È igualmente importante notar que se está a tornar cada vez mais simples para qualquer pessoa chegar e recolher aquela informação que nã está regulada nem regulamentada.

Penso que é importante pensar nisto, discutir o assunto como sociedade.

Quais são as implicações de não estar regulamentado?

Por exemplo nas polícias, a implicação é uma amostra encontrada num local de crime: a análise pela genética forense da amostra, permite determinar a afinidade populacional desta pessoa e essa informação, ao passar para o público pode causar danos e dificuldades a pessoas concretas porque pode ser fiável ou não.

Seja fiável ou não tendemos a encarar a ciência com uma aura de autoridade.

Como é que isto se pode comparar a uma testemunha que afirma ter visto alguém no local do crime?

Tendemos a dar à ciência maior poder, quando, como neste caso é provavelmente muito menos fiável do que uma testemunha.

Penso que o que é fascinante é que a pessoa que desenhou o sistema, são como eu.

Está cheio de todos os meus conceitos e preconceitos, de todas as pequenas escolhas que eu faço quando faço a minha descrição ou a descrição de uma outra pessoa.

Por exemplo enciste um parâmetro do género embutido no software, por isso com base numa escala pode ser determinado como é a face de homem ou de mulher. Assim quando eu atribuo a categoria homem, estou a tomar uma decisão sobre essa característica (muito, pouco, neutro).

Estas são decisões que nos esquecemos que os cientistas e os engenheiros tomam tdos os dias.

Vigilância genética. O que significa?

Existe uma paranoia na comunicação social, que eu penso que em ultima análise aponta para uma questão da identidade, de quem somos e o que nos define como pessoas.

O adn parece ser, cientificamente, o que temos de mais próximo da origem da nossa identidade.

Pensar que isso não é tão precioso como gostamos de pensar, que o descartamos a cada momento do dia e pensar que pde ser clonado ou que pode ser utilizado contra nós….

Penso que é um medo natural e nã sei se isto é completamente desconhecido.

Penso que é algo com que teremos que lidar durante a próxima década porque quando o sequenciador genético de 1000 d´lares surgir no próximo ano, eu terei uma drive USB e  poderei recolher um ou mais cabelos, extrair o adn, coloca-lo na drive USB e em minutos ter o genoma completo de uma pessoa no meu computador.

A grande questão é que isto está a expandir muito rapidamente e nós ainda o vemos como sendo ficção científica.