Um estudo inédito que está a ser desenvolvido pela Universidade de Aveiro abre caminho ao reconhecimento policial de suspeitos através de odores, que vítimas e testemunhas retêm na memória.
Um grupo de investigadores do laboratório de Psicologia Experimental e Aplicada daquela Universidade acaba de provar que, em situações de crime, o grau de reconhecimento olfativo da vítima em relação aos odores quer do agressor, quer do ambiente, é substancialmente maior do que o reconhecimento de odores captados em situações emocionalmente neutras.
Trata-se do primeiro estudo do género, já que o que até agora existia eram estudos relativos ao reconhecimento com odores corporais feitos por cães treinados pela polícia.
«O reconhecimento de odores pode vir a auxiliar a polícia a identificar autores de crimes, mas temos ainda um longo caminho pela frente», disse à Lusa Sandra Soares, psicóloga clínica, docente na UA e responsável pelo estudo.
A investigação envolveu a participação de 30 voluntários, aos quais foram apresentados filmes reais de cenas de crime (homicídios, violações, raptos, violência doméstica e ofensa à integridade física).
Durante o visionamento dos filmes os participantes foram expostos continuamente a um odor corporal, com a informação de que este pertencia ao agressor envolvido na cena do crime.
Posteriormente, foi-lhes dado a cheirar cinco odores distintos, entre os quais o odor sentido durante a visualização do filme. O mesmo procedimento foi realizado com um grupo de outros 30 voluntários, com a diferença de que estes, pelo contrário, viram filmes com cenas emocionalmente neutras.
Quando lhes foi pedido que, dos cinco odores apresentados, escolhessem aquele a que estiveram sujeitos durante o visionamento dos filmes, 63 por cento dos participantes sujeitos a imagens de crime acertaram no cheiro, enquanto dos participantes sujeitos a imagens neutras, apenas 43% apontaram corretamente o odor.
Segundo Sandra Soares, a ideia é perceber «até que ponto é que, condicionando as pessoas a situações de crime que induzem medo, captadas em contexto real com câmaras ocultas, e aliando essas condições ao olfato, são facilitados os processos mnésicos, nomeadamente a codificação e a recuperação da informação» olfativa.
A docente refere que pode vir a ser facilitada a investigação criminal em situações de crime «em que o odor possa ser relevante» como, por exemplo, em casos de violação.
O cheiro pode dar pistas relativamente à maior ou menor probabilidade de ser o suspeito A, B, ou C num alinhamento, tal como no visual, para ajuda no processo de identificação de um criminoso, de acordo com a psicóloga clínica.
«Relativamente a emoções positivas conseguimos regressar ao nosso passado com alguma facilidade através do cheiro. A ideia é pegar nessa informação e transpô-la para um contexto em que possa ser relevante», explica.
Sandra Soares sublinha que «ainda é prematuro» pensar nas aplicações que se abrem, porque o estudo é inédito e começou no ano passado, estando ainda em investigação aspetos como os intervalos de retenção ou o número de odores a comparar que fornecem resultados mais seguros.
Apesar da fase «embrionária», foi apresentado no Congresso de Investigação Criminal e despertou já o interesse de inspetores de investigação criminal e de uma revista da especialidade.
Um grupo de investigadores do laboratório de Psicologia Experimental e Aplicada daquela Universidade acaba de provar que, em situações de crime, o grau de reconhecimento olfativo da vítima em relação aos odores quer do agressor, quer do ambiente, é substancialmente maior do que o reconhecimento de odores captados em situações emocionalmente neutras.
Trata-se do primeiro estudo do género, já que o que até agora existia eram estudos relativos ao reconhecimento com odores corporais feitos por cães treinados pela polícia.
«O reconhecimento de odores pode vir a auxiliar a polícia a identificar autores de crimes, mas temos ainda um longo caminho pela frente», disse à Lusa Sandra Soares, psicóloga clínica, docente na UA e responsável pelo estudo.
A investigação envolveu a participação de 30 voluntários, aos quais foram apresentados filmes reais de cenas de crime (homicídios, violações, raptos, violência doméstica e ofensa à integridade física).
Durante o visionamento dos filmes os participantes foram expostos continuamente a um odor corporal, com a informação de que este pertencia ao agressor envolvido na cena do crime.
Posteriormente, foi-lhes dado a cheirar cinco odores distintos, entre os quais o odor sentido durante a visualização do filme. O mesmo procedimento foi realizado com um grupo de outros 30 voluntários, com a diferença de que estes, pelo contrário, viram filmes com cenas emocionalmente neutras.
Quando lhes foi pedido que, dos cinco odores apresentados, escolhessem aquele a que estiveram sujeitos durante o visionamento dos filmes, 63 por cento dos participantes sujeitos a imagens de crime acertaram no cheiro, enquanto dos participantes sujeitos a imagens neutras, apenas 43% apontaram corretamente o odor.
Segundo Sandra Soares, a ideia é perceber «até que ponto é que, condicionando as pessoas a situações de crime que induzem medo, captadas em contexto real com câmaras ocultas, e aliando essas condições ao olfato, são facilitados os processos mnésicos, nomeadamente a codificação e a recuperação da informação» olfativa.
A docente refere que pode vir a ser facilitada a investigação criminal em situações de crime «em que o odor possa ser relevante» como, por exemplo, em casos de violação.
O cheiro pode dar pistas relativamente à maior ou menor probabilidade de ser o suspeito A, B, ou C num alinhamento, tal como no visual, para ajuda no processo de identificação de um criminoso, de acordo com a psicóloga clínica.
«Relativamente a emoções positivas conseguimos regressar ao nosso passado com alguma facilidade através do cheiro. A ideia é pegar nessa informação e transpô-la para um contexto em que possa ser relevante», explica.
Sandra Soares sublinha que «ainda é prematuro» pensar nas aplicações que se abrem, porque o estudo é inédito e começou no ano passado, estando ainda em investigação aspetos como os intervalos de retenção ou o número de odores a comparar que fornecem resultados mais seguros.
Apesar da fase «embrionária», foi apresentado no Congresso de Investigação Criminal e despertou já o interesse de inspetores de investigação criminal e de uma revista da especialidade.